terça-feira, 6 de abril de 2010

[Diálogo #3]

Depois do trabalho cansativo Louise aceitou tomar um chopp com as suas amigas fúteis, porém leais, que havia conhecido cerca de um ano atrás quando viera a passeio para São Paulo. O barzinho ficava na avenida Paulista e era aberto vinte e quatro horas o que a fez sentir alívio por saber que poderia tomar todas se assim o desejasse!

-Louiiiiise! - Gritou Bárbara ao avistá-la do outro lado da rua e logo Cecília a acompanhou na gritaria! Louise riu, mesmo constrangida com o jeito espalhafatoso das amigas, mas entendendo que seria melhor não ser chata com elas.
-Você está linda! Só pode está transando com alguém muito atraente - e os comentários foram daí para mais íntimos.
-Não puxem tanto o meu saco ok?! Vocês é que estão maravilhosas, eu só fico sentada na mesa de meu escritório sem fazer coisas emocionantes como sair com caras atraentes - e olhou para Bárbara como se entregasse que Mark não era tão bonito.
Mark é o namorado, de três meses como Ramon gosta de pensar, da Louise. Ele é um homem muito distinto, daqueles com que as muitas garotas de New York sonham conhecer. Romântico e Atencioso seriam as melhores palavras para definí-lo.
-Own querida, mas o Mark é muito elegante e aparentemente tem jeito com mulheres - Sorriu maliciosa, sim ela se referia ao sexo com Mark.
-En-tão, seria só aparentemente? - perguntou Cecília um pouco interessada nos possíveis problemas da amiga.
-Bem ... - Louise não confiava muito nelas para contar o que acontecera entre ela e Ramon então tentou concentrar os problemas em Mark - ele é maravilhoso, o problema é que ando muito ocupada ultimamente e não tenho muito tempo para ficarmos nos curtindo.
Soou tão seco que as amigas não acreditaram, mas felizmente o garçom as chamou informando que a mesa estava pronta para elas. Bárbara nem esperou para sentarem e já pediu, com uma voz estridente, três chopp's ao garçom .
-Então amiga, se o problema é com você melhor arranjar tempo para seu homem, disse Cecília colocando um braço em cima da mesa e a encarando com tom de muita entendida do assunto.
Cecília morava junto com um cara que conheceu em um tour por Paris há quatro anos, não se casou porque acha que o fato de não existir um documento de união legal entre eles faz manter acesa a chama da paixão, já que na opinião dela, seu companheiro estará sempre tentando agradá-la por ela não "pertencer" a ele.
-É, acho que preciso mesmo - respondeu não querendo alongar muito o assunto- mas que tal não falarmos de problemas hoje?! Sai com vocês para nos divertimos e não para choramingar atropelos amorosos - E levantaram as canecas de chopp trazidas pelo garçom naquele momento para brindar à rara animação de Louise.

Ficaram ali por horas, nem Louise muito menos as meninas viram o céu escurecer e também não conseguiam ver coisa alguma muito bem devido as muitas canecas de chopp entornadas. Mas Louise se lembra de toda conversa boba que rolou naquela mesa, e em como suas amigas falavam das outras pessoas como se fossem melhor que elas. Ela não comentava, se sentia a pior das mortais pelo que fizera com Ramon, por outro lado, entendeu que as pessoas não são perfeitas e que ela não deveria ser tão dura consigo mesma. "Estou me guiando pela filosofia de uma bêbada!" chegou a pensar quase em voz alta, mas não se sabe ao certo porque, ficou apenas em seu pensamento a ideia de que ela não era uma pessoa ruim, pior era ser pessoa nenhuma, pior era não amar ninguém. Ela, pelo menos, amava dois. "Meu erro é amar demais então!". Concluiu totalmente convicta.

-Bem meninas, acho melhor irmos embora, não tenho mais estômago pra chopp e quero cair na cama. - em outras palavras ela queria mesmo era ir pra casa e pensar com carinho nos beijos de Ramon e no zelo de Mark.

Depois de pagar sua parte da conta se despediu das amigas que resolveram ficar mais um pouco no barzinho, pegou um táxi até sua casa, que logo a deixou em frente a calçada de sua casa. Então ela atravessou o pequeno jardim e subiu os três degraus que a separavam da porta andou imediatamente para o seu quarto sem checar os e-mails ou a caixa de correspondência. Dormir, dormir e dormir era tudo que Louise pensava e depois de um banho rápido se jogou de costas na cama estendeu o braço até alcançar o controle do som e o ligou. Embalada em canções do The Beatles... as últimas coisas que lhe passaram a mente em um pensamento movido a álcool foram "eu não sou uma pessoa ruim" e "let it be, let it be". Louise dormiu melhor essa noite.

por- Laryssa Galdino

Um comentário:

Larissa disse...

texto muito bom! continue escrevendo, Lá!

xeroo