segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Histórias que não convém

Hoje eu tou em um daqueles dias em que tudo dá errado e preciso urgentemente escrever. Sempre escrevo muito quando as coisas estão complicadas.
Tenho a sutil impressão que o universo não está a meu favor. Pedi um água por telefone as 9 horas da manhã, o homenzinho do telefone falou que com meia hora ela chegava, daí estou esperando até agora.
Fui visitar meu orientador da universidade e confessei meu desitenresse do curso, todavia até Dezembro a minha alma pertence ao capeta, porque o taaaaaanto de coisa que tenho pra fazer, só pode ter sido um mandato lá de baixo!
O vestibular, o concurso e o fim do mundo vêm aí e eu não sei qual será o resultado dessa lógica. Pra completar minha linda vida, vamos dizer que cometi infrações no trânsito e estou sob como alcoólico, embora a verdade seja ainda mais embaraçosa.
Hoje é um daqueles dias que qualquer frase de efeito me faz chorar, e eu me pego pensando na vida que não sei que rumo vai tomar.
Amanhã tem aula de teatro e não estou muito feliz por isso, porque não sei como reagir diante de algumas coisas. Mesmo assim, declaradamente sendo uma idiota, enxergo possibilidades de mudança no fim das contas, ainda acredito que tudo dá certo, que tudo se resolve e que não há motivos pra entrar em pânico.
Enquanto isso, sigo o dia ouvindo Leoni pra fazer bonito no show sexta-feira. Espero sinceramente que eu pare com essa vacilância e decida logo o que eu quero, porque às vezes tenho a sensação de que essa sensação de não saber o que está por vim vai me acompanhar sempre.


Laryssa

Criado Mudo

No fim da tarde as sombras
sempre vêm deitar na minha cama
e nos meus pensamentos - Leoni

[Diálogo #6]

Se vocês não lembram, mas nossa história terminou em Louise e Mark apaixonadinhos e na decisão de Louise em não responder aos e-mail de Ramon, pois bem. Hoje voltamos com o dia a dia de nossa cara pra ver se ela realmente desistiu de Ramon, se ainda está bem com Mark, etc etc. Leiam a baixo!


-Bom dia Louise! Comprimentou a secretária do escritório assim que Louise colocou o pé na escadaria do prédio.
-Bom dia, Marta aconteceu alguma coisa pra você está me esperando aqui fora?
-éé, respondeu a secretária com um tom de preocupação, seu Eliberto quer conversar com você.
-Ah, pode ligar pra ele, estou com o dia bem light agora pela manhã. Louise respondeu sorrindo e continuou subindo, Marta a seguiu com a cara mais preocupada e sussurrou antes que Louise entrasse no elevador - ele a espera em sua sala.
A porta do elevador fechou e Louise estremeceu por um instante. Eliberto é o dono de uma importante empresa de objetos de decoração e eles pretendiam fechar um grande contrato na semana que vem, qual o motivo de sua visita? Será que ele encontrou uma outra empresa para lhe prestar consultoria?
O nervosismo aumentava a medida que ela se aproximava de sua sala, mas tentou manter a calma e uma aparência confiante.
-Bom dia senhor Eliberto!
-Bom dia Louise.
-Que bons ventos o trazem aqui? Não aguentou esperar até segunda que vem? Louise tentou fazer graça mas seu Eliberto apenas sorriu sem graça e fez sinal para que eles sentassem.
-Louise, estou aqui porque confiou muito em você, e estou passando por uma grande dificuldade em meus negócios.
-Entendo seu Eliberto. Agora Louise estava mais calma, mesmo assim preocupada com o problema dele.
-Sei que você está noiva de Mark e que pretendem se casar em breve, mas preciso muito de você no Texas.
-Texas?! Louise não conseguiu disfarçar a surpresa, era o lugar para onde Ramon fora morar há alguns meses e como são da mesma área ir para significa encontrar com ele na certa.
-Sim Louise, estou desconfiado que andam me passando para trás por lá, e gostaria de contratá-la para verificar isso para mim.
-Mas, seu Eliberto, e o contrato da Arte Design daqui?
-Não se preocupe, essa conta é sua e não abro mão de que a faça, mas antes preciso de você lá, é apenas por um mês. Por favor, converse com Mark e me ligue para combinarmos os detalhes de sua viagem.
Louise ficou um minuto em silêncio, Eliberto além de um importante cliente era também um grande amigo de sua família, praticamente como um tio.
-Seu Eliberto, a verdade é que não me preocupa viajar por causa de Mark, sei que ele entenderia. O que me preocupa são outras coisas, mas prometo que vou pensar com carinho na proposta.
Eliberto sorriu satisfeito, tinha um grande apreço por Louise e sabia que ela aceitaria ajudá-lo

Louise ficou ali sentada por uns minutos, quando viu em sua tela um novo e-mail de Ramon chegar.

Cara Louise

Tenho lhe escrito há meses, mas você não me responde. Gostaria de lhe informar que seu Eliberto ligou pra mim comunicando de sua vinda para o Texas, confesso que estou muito alegra em poder revê-la e ao que tudo indica você chegará na semana de meu casamento com Isabel. Então não esqueça seu vestido de festa, você será muito bem recebida em minha casa por mim e minha futura esposa.

Beijos
Seu amigo
Ramon.

-Casar?! Ramon vai se casar?!
Louise clicou desesperada nos outros e-mails e acompanhou toda história, dois meses depois de está no Texas Ramon conheceu Isabel, tiveram um romance avassalador e agora iam se casar, se ela tivesse ao menos lido os e-mails antes, não estaria sendo pega tão de surpresa! Mas estranhamente ela ficou muito feliz por seu amigo, talvez pelo tempo que não se viam aquela notícia não a abalou tanto, mesmo assim ela ficou enciumada e ligou para seu Eliberto aceitando ir para o Texas.
-O casamento do meu melhor amigo, foi exatamente como um filme! A diferença é que ela não tentaria impedir o casamento dele.

Um encontro com Mark e dez horas depois Louise estava no Texas seno recebida por Isabel e Ramon. Após as devidas apresentações Isabel levou Louise para se acomodar e Ramon foi trabalhar.

-O Ramon disse que vocês são muito amigos, vamos ficar muito felizes se vocÊ aceitar ser nossa madrinha.
-Madrinha?! Nossa, quanta honra... mas ele não avisou, eu não vim preparada.
-Não se preocupe, disse Isabel com uma voz tão doce que Louise não resistiu, vou levá-la a uma loja amanhã onde você pode escolher o vestido que quiser, e por nossa conta!
-Que posso dizer se não que aceito!
E as duas se abraçaram como se já fossem amigas. E na verdade Louise tinha essa sensação, de que Louise seria uma grande amiga.

Mais tarde, na casa de Isabel e Ramon, Louise deitou na cama e ficou olhando para o teto. "Que loucura é a vida", pensou consigo mesmo e adormeceu.

Laryssa

Juro

beijar teu corpo sem descanso - Leoni

Mas nem sempre é só de beijo que o corpo precisa.
Palavra no ouvido
a alma encanta.

Laryssa

domingo, 29 de agosto de 2010

Lembranças



Gandhi
disse, segundo o filme Remember me, que a maioria das coisas que fazemos são insignificantes, mesmo assim é importante que as facemos. Não entendo exatamente o que isso significa, mas garanto que mais importante que as coisas que fazemos, é o porque de as fazermos.
É difícil, muito difícil, empacotar um guia prático de sobrevivência no mundo, é possível que em nossas experiências sejamos confundidos com tolos ou arrogantes, prepotentes aspirando pela dominação do mundo contra o imperialismo e tudo mais que condenamos quando jovens e politizados.
No entanto, em vão são nossas lutas externas, se não entendemos que nossa maior batalha é aquela que acontece todos os dias em nossa mente. O que é certo? Até onde devo me permitir? E o que pode ser considerado um devaneio, anormal ou momentâneo? Qual a nossa medida, nosso ponto de comparação, nossa perspectiva, sobre qual aspecto sinto, sob qual coberta me deito?
Não é estranho que aprendamos tanto do mundo e tão pouco a respeito de nós mesmos? Na verdade acho um pouco de graça do mundo e de seus chavões. Todos têm sempre a solução pra tudo, a escalação ideal para a próxima copa e os conselhos infalíveis para evitar decepção. Mas não nos advertem contra o acaso, nem a respeito do incalculável, insondável e impremeditado: SE.
Se hoje fosse outro dia, então eu estaria provavelmente em outro lugar. Ao fim que, não me objetivo em questionar os fundamentos da humanidade ou a existência de Deus, porque, pelo menos da segunda não duvido. Provoco a mim mesma, quanto a busca irremediável das circunstânicas que me levam a questionar tais cousas. Tento relutante, porém com prazer, descobrir os propulsores de minha alma incessante em querer saber, o que me provoca, o que me faz ir além, o que me acorda.
Acho que o que realmente me motiva não é encontrar todas as respostas para as minhas raciocinações e sim poder fazê-las. Poder questionar e pensar a respeito do que me provoca, do que me movimenta, do que mantém meu espírito vivo é o que faz de mim um ser que vive e não meramente existe, é o que me diferencia, por exemplo, de uma folha seca que cai da árvore e é levada pelo vento, sem protesto, sem insatisfação.
As folhas seguem o vento e eu preciso descobrir o que quero seguir. Por enquanto me interto na sublime atividade de observar e aprender, talvez assim eu possa escolher bem como meus pais e todos os demais exigem que eu faça. Todavia, confesso que não é por mais ninguém, se não por mim mesma, que desejo fazer isto: descobrir-me.

Laryssa Galdino Tertuliano

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Que vida, não!?

Ano de 2010, acho que até aqui já foi o ano mais cheio de reviravoltas que eu tive, e só ontem eu comecei a entender porque. Acontece que quando eu entrei na universidade, estava certa do que eu queria, e na verdade, ainda quero a mesma coisa: ajudar às pessoas, em específico, os indianos. O problema é que depois desses quase três anos de vida académica, deixei de olhar pro meu foco, que é a Índia, desde que eu tinha 14 anos.
Comecei olhar para os lados, digamos assim. Fui me tornando uma pessoa desacreditada de que minha força e entusiasmo seriam mesmo útil, voltei minha atenção buscando uma realização no sentido de conquistar títulos, dinheiro, etc. E por isso comecei a me sentir um pouco frustrada, primeiro porque eu não estava no curso do meus sonhos e segundo porque minha realização está em contribuir positivamente no mundo que eu vivo, cuidando do meio ambiente, dos animais e das pessoas principalmente.
Acho que virei consumista, individualista, egoísta e a cada escolha errada eu me distanciava mais e mais daquela menina cheia de sonhos de quando entrou na universidade. Mas felizmente percebi os erros terríveis que eu estava cometendo. E ontem, enquanto eu entendia as raízes do meu desespero, da minha angústia, do sentimento de que eu não cabia no mundo porque eu não tinha um lugar... percebi que no mundo existe um lugar para o que eu sou, e não para essa pessoa totalmente distante de mim que eu estava me tornando.
O poeta Mario Quintana diz em um de seus textos, que a felicidade é uma coisa tão simples, que ás vezes a encontramos e a perdemos por não reconhecer a sua simplicidade. Eu me sinto feliz em coisas tão simples, como por exemplo quando sou útil. Quando escuto alguém e esse sente melhor só por isso.
Não deixo de querer muitas coisas, como ter um emprego e tudo mais... mas meu maior desejo é ir pra Índia um dia. Não espero ser compreendida ou aplaudida por isso, não gosto desse sentimento de esperar das pessoas uma reação, e por isso não espero. Afinal, esse é o meu desejo, ninguém é obrigado a entendê-lo.
Outra coisa muito interessante que eu percebi esses dias, é que a vida REALMENTE dá voltas. Algumas coisas que eu temia não chegaram nem perto de acontecer, e outras que jurei que não poderiam... aconteceram. A gente, digo a gente dizendo eu mesmo, se preocupa tanto com o futuro, mas a gente nunca sabe de fato como ele vai ser.
Você ficou, ele partiu, quem desprezava aprendeu a valorizar, ou talvez aprendeu a desprezar um pouco menos. Os medos parecem tão bobos agora e os sonhos deixaram de ser loucos para serem metas. A simplicidade passou a agradar mais, os filmes influenciam cada vez menos, percebe-se então que ser feliz é ser uma pessoa de carne e osso, com ideias próprias e coragem para fazê-las!
Ah! Comecei teatro também... e hoje temos que levar um textinho para aula, como eu nem gosto de escrever , fiz esse aii:

Peça: O que vai ser?!
I Ato - Cena 1

Ela estava sentada na sala quando o pai chegou, ela tremeu da ponta do dedo à ultima ponta do fio de seu cabelo. Ela já sabia o que ele ia perguntar:

-Oi filha! E ai, já escolheu o que vai ser no vestibular?

Passou um minuto, dois, três... o pai já estava ficando impaciente:

-Quer dizer que não escolheu hein?! Como vai ser filha!?

A garota em um ímpeto de coragem levantou o rosto, olhou nos olhos do pai e disse decidida:

-Não ensina em faculdade nenhuma o que eu quero aprender!

O pai não entendeu nada, achou estranho a maluquice da filha:

- E o que você quer aprender menina?

A menina ainda com o olhar confiante respondeu:

-Quero a prender a ser eu, a ser humano.

Ufa! pensou aliviado o pai, pelo menos ela não dissera que queria ser artista, mas para sua surpresa a menina ainda não terminara de falar:

-Pai, na verdade estive pensando em fazer teatro... quero ser artista!


[continua algum dia]

Laryssa Galdino Tertuliano

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Primeiro emprego.

Ela estava preocupada, agora que terminou os estudos e não passara no vestibular sentiu que seria um momento oportuno para arrumar um emprego. Mas em que seria? Reginelda tinha quase 18 anos e nunca trabalhou em nada, de origem mediana, graças a Deus sua preocupação era estudar e apesar de ter estudado muito não conseguiu vencer a concorrência para direito, que nem era mesmo o que ela queria fazer, mas como todo mundo só considera que alguém tem futuro se faz medicina, direito ou engenharia... ela escolheu direito.
Em seu íntimo estava aliviada por não ter passado, e por ser um curso concorrido todos entenderam que ela, apesar de inteligente, não tenha conseguido. Mas nem por isso a cobrança foi menor. Os pais e a avó que sempre estava presente em todas as discussões de sua vida, sugeriram que ela já não era mais nenhuma menina para ficar sendo sustentada. Foi então que ela sentiu convicção de que realmente precisava começar a trabalhar, o que ela não sabia mesmo era por onde começar.
Em uma sala sombria de 3mX4m uma mulher sentada por trás de um birô branco sem graça levantou a cabeça para a menina, que aparentava muito menos de 17 , e perguntou-lhe com uma voz enjoada:
-Nome?
-Reginelda, disse a menina um pouco trêmula mas tentando parecer confiante.
-Só Reginelda? Replicou a mulher agora de cabeça baixa anotando as coisas que perguntava à menina.
-Reginelda Brizola da Silva, ela respondeu com um pouco de raiva.
-Olha, a mulher falou com um tom como se fosse esclarecer algo a Reginelda, a vaga é para maiores de quinze anos...
-Mas eu tenho 17!
Interrompeu Reginelda.
-17?! Com total espanto exclamou a mulher! e comentou tentando fazer uma graça com a menina:
Reginelda fez uma cara de paisagem ela já sabia o comentário por vim:
"Quando você estiver velha ainda vai parecer nova" O pensamento e a voz da mulher se confundiram nesse instante.
-Agora que sabe minha idade eu posso ter o emprego?
-Ah, na verdade é um pouco mais complexo do que você imagina. Mas não se preocupe, você será convidada para uma entrevista assim que vagas com seu perfil surgirem.
Reginelda então deu um suspiro e disse meio desacreditada:
-Obrigada então, posso ir agora?
-Sim claro, mas antes dê-me seu e-mail.
Reginelda rabiscou o endereço eletrônico e deslizou até a porta vermelha que há um instante entrara. "Agências de emprego deveriam ser mais amigáveis" pensou Reginelda enquanto descia as escadas em direção à praça de crisântemos que já existia há mais de trinta anos em sua cidade.
A primeira semente fora plantada em 1965 por um jovem apaixonado que jurou amor eterno a sua namorada no lugar onde hoje é a praça, logo após ele foi exilado para fora do Brasil por ter sido um forte opositor ao regime militar, dez anos mais tarde de plantar a semente, o rapaz, agora um homem, se reencontrou com sua amada no mesmo local e a pediu em casamento e 20 anos depois, (1985) a filha do casal acabara de ter a primeira experiência frustrante na vida dos adultos. Reginelda se aproximou de um banquinho, sentou e enquanto acariciava uma das flores perguntou:
-Quando você nasceu, sabia que ia fazer tanto sucesso nessa praça, florzinha?


Laryssa Galdino Tertuliano