quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Adeus Humanos

O que devemos escrever quando estamos "puta da vida" ? Poeminhas? Lamentações? ou apenas chutar o pau da barraca e dizer tudo que nos tem deixado assim, prestes a gritar bem alto "aaaaaaaaaaah"? Hoje eu estou puta da vida, acho que nunca quis tanto chamar um palavrão. Sabe por quê? Palavrões soam ferozes, como se fosse um bicho dentro de nós que falasse, e não nossa capa de humano. Quando a gente chama um palavrão, até acalma a alma, alivia o espírito.
Não que ela seja mesmo uma vaca, nem que o num-sei-quem seja um imbecil. É só que o simples fato de xingar alguém ou o mundo, o faz parecer insignificante e porque não... incapaz de nos atingir.
Geralmente eu não xingo, eu desprezo, ignoro, finjo que nem estou vendo-ouvindo. Mas tem dias que não dá mesmo para continuar contendo aquele palavrão na garganta. Tem dias e HORAS que só ele é perfeito pra expressar toda sua (minha) raiva.
Então chega seu sangue ferve nas veias e não é de tesão, é de raiva... muita raiva. Raiva por não ser compreendida, por não entender a miserável questão, por não poder fazer uma coisa diferente, por aquela garota insuportável que não pára de falar durante a aula inteira. Raiva, ira, "droga-de-vida", tem horas que tudo se mistura com uma dose forte de conhaque, e aí o cérebro esquenta e não se consegue ser racional.
Eu nem sei se realmente estou com raiva, na verdade eu detesto quando alguém ler um texto meu e fica tentando interpretar o que eu estou sentindo ou de quem estou falando, por favor não-façam-isso! Considere que quem vos escreve é o Eu-Lírico de mim, e não EU propriamente. Escrever é para mim um ato de libertação.
Deixo correr pelo papel meus sonhos, meus desejos, deixo-vos minha ira, e a paz e tudo mais que muitas vezes não é típico de mim, mas se passa em minha mente. Não, eu não quero matar ninguém, mas confesse se não seria fabuloso poder dá um tiro no pecado e ver o gozo chorando um pranto inesgotável ao lado de seu corpo gélido e sem vida. Seria.
Mate. Xingue. Roube. Não precisa ser de verdade, feche os olhos e liberte aqueles pensamentos que nem mesmo você sabia que existiam, não faz mal nenhum pensar e escrever o que se pensou.
Colocar pra fora aquele momento crucial em que se sentiu vontade em dizer "vá-pra-puta-que-o-pariu", pobre mãe, muitas vezes não tem nem culpa de ter um filho assim e ainda é ela quem é xingada. Porque não dizemos "vá-pra-mãe-de-família-que-o-pariu, desgraçado". Seria mais justo, provavelmente.
Então um beijo a todas as putas que são mulheres boazinhas xingadas sem merecer. Um dane-se a quem tentar me subornar. Hoje eu não quero palavras doces, nem demostrações de nada. Perderam-se o sentido na verdade. Não quero olhar pra detalhes, nem vou colocar perfume nos papéis de carta. Hoje não se terá casa arrumada. O dia está péssimo para se sorrir ou termos qualquer atitude boa para com o próximo, hoje serei egoísta. Não vou sair daqui, da-minha-cama-quente. Me dói o coração pensar há pessoas que morrem de fome, que estão ao-deus-dará por aí. Hoje eu não quero ser medíocre, não vou me levantar, desse dia eu não quero existir. Hoje não poderão me acusar de desperdício, de birra e de grosserias. Hoje eu não estarei entre vós, e amanhã também não. Pensando bem, estou tirando umas férias das tolíces dos homens e dos amores burros dessa Terra, vou pra um reino distante chamado "aqui-não-se-existe-finais-felizes" vulgo, realidade. Adeus humanos.
Laryssa Galdino
em
Eventuais Crônicas.

Um comentário:

Unknown disse...

Vc faz com que as palavras se tornem maravilhosas em suas postagens.Pode ser um baita palavão ficam bem amenizadas no seu modo de escrever.
Todo mundo têm os seus dias de muita raiva,que a vontade é matara a si memso e os outros que estão ao redor.Poruqe não liberar as cachorrras,qualo problema de ser um pouco descontrolada,ou doida...O normal é muito sem graca!! Dou o maor crédito a vc.pode se irar,contanto que sua ira não a torne uma pessoa amarga...
Deus te abencoe...