domingo, 30 de maio de 2010

Um pássaro.


Você sabia que todos os pássaros são aves, mas que nem todas as aves são pássaros? A sutil diferença é que aqueles sabem voar e estes não. Mas isso não torna nenhum mais importante que outro.
Hoje acho que se eu fosse um pássaro não conseguiria voar nunca mais, acho que a dor que estou sentindo só pode ser comparada com a de um beija-flor tendo suas frágeis asas arrancadas por um cruel assassino. Contudo, graças a Deus sou humana e felizmente encontrei um pouco de forças para continuar subindo as escadas, abri a porta e chorar.
Eu não sei como um pássaro reage a dor, acredito que ele cante. Sim, enquanto para nós, meros humanos, cantar uma canção bonita é sinônimo de romance eu acho que para os pássaros é um modo de extravasar solidão e angústia. Eu não sou um pássaro, como vocês sabem, mas associo o meu canto a escrita e é isso que pretendo fazer.
Minhas linhas são um espetáculo da dor que sinto em meu peito, mais que física é a dor de uma alma dilacerada, contudo completamente em paz. Muitas vezes o preço que pagamos por ser sinceros é a perda do que amamos, mas estou, em alguma parte de mim, feliz por ter sido honesta.
Eu não sou um pássaro muito bonito, a melhor palavra que me define não é nobreza ou qualquer sinônimo que se caracteriza as coisas boas do mundo. Eu estou sempre grudada em definições confusas e de desespero. Nunca, ou quase nunca sei o que quero e estou sempre por aí partindo alguns maravilhosos corações.
Eu queria ser um pássaro agora, algum biólogo me ajude respondendo se existi uma espécie de pássaros que sejam bons como amigo mas não tão bons como conjugues ou coisas do tipo.
Dizem que cedo ou tarde a gente se acerta no corpo que Deus nos deu, mas eu acho que vou ser um daqueles seres humanos indecisos que conseguem se livrar de tudo de bom que os acontece, mas ainda assim são ótimos escritores e melhores ainda como um ombro aos aflitos.
Eu queria mesmo voar sozinha nesse céu convidativo de todas as cores, mas acho que meu lugar é no chão, mesmo que eu não tenha absoluta certeza do que fazer com essas minhas duas pernas. Queria a limitação dos pássaros, que nascem predestinados a voar e nada mais podem se não ser o que são. Nós humanos temos que lidar com essa coisa difícil que é decidir o que quer, e eu não sei o quero.
Pássaros só precisam ser eles mesmos e talvez esse seja o meu problema, em ter medo de o quão má e o quão boa eu posso ser ao mesmo tempo. Mas não quero mais buscar a aceitação das pessoas se não a minha própria e não quero ser algo se não a realização dos meus sonhos e não quero trabalhar em algo que não seja criativo e que sirva pra tornar a vida dos outros humanos mais agradável.
Eu ainda não sei o que quero, acho que essa é a parte ruim em ser eu, mas a parte boa é que descobri que sou menos ruim do que imaginei e mais corajosa também. E sou grata, muito grata aquele que por quase dois anos foi meu namorado.
Eu me sinto mesmo com medo, insegura e confusa, acho que nunca tive asas e por isso não sei como é machucá-las, mas tenho coração e sei como é horrível feri-lo. Eu espero que eu sobreviva, eu gostaria de descobrir pra que sirvo. Acho que tenho uma função melhor que me enfiar em rolos amorosos e conflitos espirituais.
Enfim, eu desejo boa sorte na busca de mim mesma e apreciação aos pássaros bonitos que vez ou outra passam razante por mim, como se quisessem me mostrar que estão sempre onde estão e aprenderam a lidar com isso. Eu também preciso lidar com o que sou, e usar essas minhas estranhas pernas para ser algo que eu goste e me faça realizada assim como os pássaros o fazem com suas delicadas asas.

Laryssa Galdino Tertuliano

Um comentário:

Larissa disse...

own, amora,
eu espero que no final tudo fique bem e que não sobrem mais mágoas de nada...
não sei do que vc tá falando, mas até posso imaginar...

depois quero saber, viu? e já que vc é ombro amigo da minha alma aflita, quero ser o seu tbm, ok?

um xero e fica bem, lindona!