quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Que vida, não!?

Ano de 2010, acho que até aqui já foi o ano mais cheio de reviravoltas que eu tive, e só ontem eu comecei a entender porque. Acontece que quando eu entrei na universidade, estava certa do que eu queria, e na verdade, ainda quero a mesma coisa: ajudar às pessoas, em específico, os indianos. O problema é que depois desses quase três anos de vida académica, deixei de olhar pro meu foco, que é a Índia, desde que eu tinha 14 anos.
Comecei olhar para os lados, digamos assim. Fui me tornando uma pessoa desacreditada de que minha força e entusiasmo seriam mesmo útil, voltei minha atenção buscando uma realização no sentido de conquistar títulos, dinheiro, etc. E por isso comecei a me sentir um pouco frustrada, primeiro porque eu não estava no curso do meus sonhos e segundo porque minha realização está em contribuir positivamente no mundo que eu vivo, cuidando do meio ambiente, dos animais e das pessoas principalmente.
Acho que virei consumista, individualista, egoísta e a cada escolha errada eu me distanciava mais e mais daquela menina cheia de sonhos de quando entrou na universidade. Mas felizmente percebi os erros terríveis que eu estava cometendo. E ontem, enquanto eu entendia as raízes do meu desespero, da minha angústia, do sentimento de que eu não cabia no mundo porque eu não tinha um lugar... percebi que no mundo existe um lugar para o que eu sou, e não para essa pessoa totalmente distante de mim que eu estava me tornando.
O poeta Mario Quintana diz em um de seus textos, que a felicidade é uma coisa tão simples, que ás vezes a encontramos e a perdemos por não reconhecer a sua simplicidade. Eu me sinto feliz em coisas tão simples, como por exemplo quando sou útil. Quando escuto alguém e esse sente melhor só por isso.
Não deixo de querer muitas coisas, como ter um emprego e tudo mais... mas meu maior desejo é ir pra Índia um dia. Não espero ser compreendida ou aplaudida por isso, não gosto desse sentimento de esperar das pessoas uma reação, e por isso não espero. Afinal, esse é o meu desejo, ninguém é obrigado a entendê-lo.
Outra coisa muito interessante que eu percebi esses dias, é que a vida REALMENTE dá voltas. Algumas coisas que eu temia não chegaram nem perto de acontecer, e outras que jurei que não poderiam... aconteceram. A gente, digo a gente dizendo eu mesmo, se preocupa tanto com o futuro, mas a gente nunca sabe de fato como ele vai ser.
Você ficou, ele partiu, quem desprezava aprendeu a valorizar, ou talvez aprendeu a desprezar um pouco menos. Os medos parecem tão bobos agora e os sonhos deixaram de ser loucos para serem metas. A simplicidade passou a agradar mais, os filmes influenciam cada vez menos, percebe-se então que ser feliz é ser uma pessoa de carne e osso, com ideias próprias e coragem para fazê-las!
Ah! Comecei teatro também... e hoje temos que levar um textinho para aula, como eu nem gosto de escrever , fiz esse aii:

Peça: O que vai ser?!
I Ato - Cena 1

Ela estava sentada na sala quando o pai chegou, ela tremeu da ponta do dedo à ultima ponta do fio de seu cabelo. Ela já sabia o que ele ia perguntar:

-Oi filha! E ai, já escolheu o que vai ser no vestibular?

Passou um minuto, dois, três... o pai já estava ficando impaciente:

-Quer dizer que não escolheu hein?! Como vai ser filha!?

A garota em um ímpeto de coragem levantou o rosto, olhou nos olhos do pai e disse decidida:

-Não ensina em faculdade nenhuma o que eu quero aprender!

O pai não entendeu nada, achou estranho a maluquice da filha:

- E o que você quer aprender menina?

A menina ainda com o olhar confiante respondeu:

-Quero a prender a ser eu, a ser humano.

Ufa! pensou aliviado o pai, pelo menos ela não dissera que queria ser artista, mas para sua surpresa a menina ainda não terminara de falar:

-Pai, na verdade estive pensando em fazer teatro... quero ser artista!


[continua algum dia]

Laryssa Galdino Tertuliano

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