Gandhi disse, segundo o filme Remember me, que a maioria das coisas que fazemos são insignificantes, mesmo assim é importante que as facemos. Não entendo exatamente o que isso significa, mas garanto que mais importante que as coisas que fazemos, é o porque de as fazermos.
É difícil, muito difícil, empacotar um guia prático de sobrevivência no mundo, é possível que em nossas experiências sejamos confundidos com tolos ou arrogantes, prepotentes aspirando pela dominação do mundo contra o imperialismo e tudo mais que condenamos quando jovens e politizados.
No entanto, em vão são nossas lutas externas, se não entendemos que nossa maior batalha é aquela que acontece todos os dias em nossa mente. O que é certo? Até onde devo me permitir? E o que pode ser considerado um devaneio, anormal ou momentâneo? Qual a nossa medida, nosso ponto de comparação, nossa perspectiva, sobre qual aspecto sinto, sob qual coberta me deito?
Não é estranho que aprendamos tanto do mundo e tão pouco a respeito de nós mesmos? Na verdade acho um pouco de graça do mundo e de seus chavões. Todos têm sempre a solução pra tudo, a escalação ideal para a próxima copa e os conselhos infalíveis para evitar decepção. Mas não nos advertem contra o acaso, nem a respeito do incalculável, insondável e impremeditado: SE.
Se hoje fosse outro dia, então eu estaria provavelmente em outro lugar. Ao fim que, não me objetivo em questionar os fundamentos da humanidade ou a existência de Deus, porque, pelo menos da segunda não duvido. Provoco a mim mesma, quanto a busca irremediável das circunstânicas que me levam a questionar tais cousas. Tento relutante, porém com prazer, descobrir os propulsores de minha alma incessante em querer saber, o que me provoca, o que me faz ir além, o que me acorda.
Acho que o que realmente me motiva não é encontrar todas as respostas para as minhas raciocinações e sim poder fazê-las. Poder questionar e pensar a respeito do que me provoca, do que me movimenta, do que mantém meu espírito vivo é o que faz de mim um ser que vive e não meramente existe, é o que me diferencia, por exemplo, de uma folha seca que cai da árvore e é levada pelo vento, sem protesto, sem insatisfação.
As folhas seguem o vento e eu preciso descobrir o que quero seguir. Por enquanto me interto na sublime atividade de observar e aprender, talvez assim eu possa escolher bem como meus pais e todos os demais exigem que eu faça. Todavia, confesso que não é por mais ninguém, se não por mim mesma, que desejo fazer isto: descobrir-me.
Laryssa Galdino Tertuliano
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