segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Família e meus 22 anos.

Sabe aquela imagem de uma família comum de pai, mãe e dois filhos sentados à mesa almoçando juntos em final de semana desses? Eu não deixei de acreditar.
Apesar da infância me mudando do sul pro nordeste, dos meus pais brigando constantemente consumando em um divórcio recente, e do mal relacionamento com meu irmão. Sempre continuei acreditando na imagem acima, sempre disse a mim mesma que minha família começaria de mim, que eu seria a mãe, e um dia a avó e talvez até a bisavó dessa família. Para isso, para continuar acreditando nisso, mesmo com tantos exemplos dentro da minha própria casa de que isso seria muito difícil, tive de me apegar a certos pontos de vistas muito próprios, e às vezes até interpretados como frieza.
Primeiro aceitei, com muita dor, o fato de que os laços sanguíneos não garantem afeto, respeito e cumplicidade. Apesar de ter me dado a luz, minha mãe e eu não desenvolvemos com o tempo uma relação agradável. Talvez soe terrivel uma filha não adimirar a própria mãe... mas sabe, as pessoas ruins que existem pelo mundo são a filha, a mãe ou a irmã de alguém... infelizmente aconteceu comigo.
Não sinto orgulho em ter conseguido separar-me dessa máxima, que amor de mãe é pra sempre, por exemplo. Meus olhos ainda enxem de lágrima vez ou outra, ainda sinto em mim uma dor que ninguém consegue entender... mas acredito que precisamos ser um pouco egoístas às vezes, e entre a minha saúde mental e insistir em uma relação que não existe nem nunca existiu, de mãe e filha, eu prezo por zelar de mim, depois de vinte um anos suportando isso, eu escolho cuidar de mim, que é algo que tenho controle, que posso intervir, que posso aperfeiçoar... é improvável conseguir o mesmo com minha mãe, não se pode ajudar, conversar ou melhorar alguém que vive de passado, de mágoa, ressentimento... e pior... não consegue separar papéis de mãe, esposa e mulher. Não estou aqui deturpando seu caráter, não vejo assim, ela apenas não amadureceu coisas que são muito claras para mim, apesar da minha pouca idade como ela sempre ressalta.
Os problemas que você tem com seu homem, não são entendidos da mesma forma para seus filhos, para estes vocês continuam sendo a figura idealizada de mãe e de pai.
Apesar da minha mãe sempre dizer que preferi meu pai, meu relacionamento com ele nem sempre é uma maravilha. Enquanto prefiro brigar, ele evita, age com cautela, eu grito, ele silencia, eu quero pra ontem, ele espera... somos dois opostos, mas talvez eu o aceite melhor que à minha mãe, porque aquele tem algo essencial aos pais em minha ipinião: a capacidade de se colocar no lugar do outro, de priozar o filho a si próprio. Sim, eu sou dessas que pensa que o filho é prioridade, se um dia mãe, só irei dormir depois dele, só ficarei bem se ele estiver bem. Não confundam aqui, cuidado com falta de limites. Meu pai sempre me colocou na linha sem precisar de confusão. Bastava um "agora não, minha filha" e eu entendia, sem alarde, sem briga, sem palavras que gerassem rancor... acredito que viver para os filhos é isso, é tirar o pão da própria boca e lhes preservar a vida, se for o caso, ao mesmo tempo que ainda é saber dizer não, é cuidar de si próprio e realizar seus objetivos de vida.
O segundo ponto de vista é entender que o problema, talvez esteja, quando os filhos veem antes desses objetivos alcançados. Ou em outras palavras, quando você pula etapas importantes de sua vida "Eu nunca terminei a faculdade porque tinha que cuidar de vocês" "Eu nunca trabalhei, porque não tive opotunidade, meu pai nunca deixou" "Eu não tou bem de vida hoje porque não casei com fulano" Para mim, essas são apenas frases que refletem um presente frustrado, é provável que quando a vida não saia como o previsto, as emoções negativas aflorem a cabeça e acabemos por magoar quem gostamos, nossa família. O impasse está que esta família pode um dia optar não querer mais conviver nessa série de fracassos. Eu optei sair.
Em terceiro, vejo que não importa os erros que cometi, os que cometeram comigo, minha vida, meu presente e meu futuro pode ser um sucesso ou uma porcaria... depende só de mim. É claro que as pessoas que nos rodeiam influenciam, mas absolutamente ninguém é responsável por nós, se não nós mesmos.
Em quarto, eu podia ter desistido de viver, como quase fiz, de estudar, de lutar... mas não! Mesmo com uma infância entre altos e baixos, e de todas as ofensas que ouvi de minha mãe, ainda acredito que o final de minha história será bom, será feliz... já está sendo aliás, tenho permitido ao meu lado pessoas que me fazem bem, que acreditam em mim, que conquistaram meu afeto, minha amizade, que me importo. E para tais, foi preciso apenas olhar um para o outro e reconhecer-se, não é isso que os poetas chamam por amizade?
A estes que reconheci, e que em troca me reconheceram, sou imensamente grata.
Em quinto, quanto ao meu irmão, é assunto que não quero falar. Mas não lhe desejo mal. A verdade é que não desejo mal a ninguém. Aprendi nessa vida que ódio, mágoa e rancor não leva a lugar algum. Mas entre perdoar e reconquistar é um grande caminho, e é essa a mensagem que gostaria de deixar.
Finalmente, não busque desculpas, quem quer faz acontecer, corre atrás, dá um jeito... é nisso que acredito. Não há coisas impossíveis, há as que você conseguirá ou não realizar. Aceite suas falhas, tente melhorar sempre. Não culpe a ninguém se algo der errado. Sabe, se você encarar que tirou nota baixa porque não estudou o bastante, poderá se sair melhor da próxima mais vez, mas se a culpa é do professor que lhe persegue, como você pretende resolver isso? Se você entender que sua saude vai mal porque você não tem se cuidado bem, poderá procurar um médico e buscar hábitos mais saudáveis amanhã mesmo, mas se a culpa é do seu marido que te estressa? como você pretende resolver isso? Quando admitimos nossos erros, culpas e falhas... podemos consertá-los, mas quando transferimos para os outros, ou para Deus, ou para o diabo, ou pro dia chuvoso, pro calor infernal, pro trânsito, pro colega de trabalho, pro namorado, pra curso que tá pesado... etc etc etc perdemos o controle, perdemos a possibilidade de intervir e mudar. Apenas pense comigo, talvez cheguemos a conclusões diferentes, ou não.
Viver não é exat0o e estou grata a Deus, ao diabo, aos inimigos, aos amigos, aos seres vivos, aos inanimados, aos livros, à cultura... a tudo... por esses vinte e dois anos. Devemos buscar conviver da melhor forma possível com nossas alegrias e tristezas, com o bem e o mal... nem só flores, nem só espinhos... as rosas, por exemplo, têm os dois.

Obrigada a tudo que vivi nesses vinte dois anos, bom ou ruim, me trouxe até aqui, me ensinou o que foi preciso até hoje, desejo agora mais vinte dois de aprendizado, de luta, de realização. Não tenho medo de perder, de errar, de não conseguir. Prezo apenas por tentar sempre, fazer da melhor forma possível, e se eu perder, se eu errar, se eu não conseguir, posso obter um resultado diferente na próxima vez, então... até a próxima postagem pessoal.

Beijos Beijos

Laryssa Tertuliano

Nenhum comentário: