Um dia enquanto caminhava pela rua ela viu as folhas das árvores caídas seguindo sem rumo certo, rodopiando os galhos e os carros da cidade. Levadas sem relutar pelo vento, por um caminho incerto mas talvez mais interessante. As folham passavam rápido, depois lento, e depois rápido... passavam simplesmente. Como as coisas, as oportunidades, a vida, as pessoas... tudo passa eu penso assim.
Às vezes, há dias, me questiono como vim parar aqui. Como mesmo? Hoje eu ouvi de alguém que nem lembro que não me reconheceu fisicamente, que eu tinha mudado. Mas acho que não foi só por fora que mudei. Releio meus textos e percebo como está tudo diferente agora, mas como tudo, acredito que só o tempo pra me dá o saldo disso, se foi bom mesmo tudo que perdi ou não lutei pra ter, e se é bom as coisas que recebo agora... só o tempo dirá.
Talvez esse seja um dos grandes desafios, a vida não é como nos restaurantes em que você senta e escolhe alguma coisa pelo menu. Aqui, no mundo real só saberemos as consequências de nossas escolhas depois. É meio que um tiro no escuro e ao mesmo tempo algo completamente consciente que fazemos.
Viver é feito de escolhas que a gente fez antes de tudo, e penso que não se deve preocupar-se em cometer erros, e sim com o que nós queremos. Pode ser que os seus anseios não sejam o que todo mundo espera, que seja algo meio louco, não sei... o que eu sei é que apesar de todo medo de tudo dá errado, esse curso, essa vida... tudo. Eu penso que quando fiz minhas escolhas, fiz porque as quis.
Independente dos conselhos que recebi, das mancadas, dos acertos... no final, fiz porque quis e talvez isso seja bom pra mim em algum aspecto. Decidi pela vida que não esperavam pra mim, mas que desejei profundamente. Não sei se isso é uma característica minhas ou algo que delineia os seres humanos, mas me importo sim com o que pensam ao meu respeito. Parece-me, no entanto, que hoje isso tem menos força nas minhas decisões, mas ainda interferem de alguma forma.
Ninguém gosta de sentir-se reprovado, ou pensar que teve a chance de fazer a coisa certa e perfeita, no ponto de vista dos outros, e dispensou. Não gosto. Mas acredito que é preciso coragem pra seguir um caminho desconhecido, é preciso vontade de viver algo além do que o sonho americano e a vida perfeita que a sua vó sonhou pra você. É preciso fé pra questionar a Deus, ao invés de simplesmente aceitar tudo como verdade, é preciso inteligência pra saber diferenciar as informações que recebe, ousadia pra escolher entre mil opções, inocência pra não passar opaco pelo mundo, é fundamental sonhar, se deixar satisfeito por coisas simples e ao mesmo tempo ser ambicioso, ser o melhor... é preciso ser meio sábio e meio louco, desligar-se do mundo por um dia, ter paciência, ponderar e noutras horas explodir. Equilíbrio, sempre gostei dessa palavra, mas não significa a calma que estamos acostumados a associar a ela, e sim ao caos, à tentativa de manter as coisas sintonizadas, mesmo que seja quando o eixo da balança estiver meio torto. As pessoas não são iguais, não somos. O que é confortável pra você pode não servir pra mim, e isso não quer dizer que somos melhores ou piores que outros, mas que tivemos coragem pra olhar além da Matrix, pra decidir por si mesmo, pra tentar algo que ninguém tentou, e pode ser que no final percebamos que foi bom, que foi ruim, ou que tanto fez. Penso, que mesmo sem saber o fim, é importante o começo, a tentativa ou seja lá como queiram chamar.
Laryssa
A vida, não se sabe quando, quando se vê já passou.
Viver não é exato.
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