domingo, 1 de maio de 2011

Uma noite de escolha.

Ele ainda tinha a chave do portão, embora desde a ultima discussão, há semanas, não aparecera mais por lá. Mesmo assim ao longe acompanhava a sua amada aos twitters com outro. Decidiu que lutaria por ela, desligou o computador, pegou o carro e dirigiu rapidamente até o antigo leito onde se beijavam e se tocavam e se permitiam um ao outro loucamente, chegou sem bater apenas abrindo tudo e a encontrou rindo em frente ao laptop. Empurrou ao longe a máquina, o que a chocou profundamente. Ele nunca tinha sido violento com ela, mas sentiu que desse vez só pela força ela o escutaria.
-Porque você fez isso? Questionou com a voz trêmula e infinitamente doce de alguém apavorada e ao mesmo tempo satisfeita com toda aquela demonstração de ódio. Ela era assim mesmo, se deixava perturbar pelas coisas mais inesperadas, às vezes uma grito lhe derretia mais que mil palavras de amor, e noutras um abraço fazia ele conseguir qualquer coisa dela.
-Porque quero que você me escute. Disse num tom de voz tão firme e prepotente, que ela deixou o medo de lado e ficou apenas desejando que ele falasse mais...
-Eu estou te ouvindo - disse se aproximando e tocando seu rosto, o que o desarmou completamente, mesmo assim assim sua experiência o dizia que não podia ceder para ela, tinha de permanecer irredutível se quisesse ser levado a sério.
-Eu quero você, e não é só por diversão... acho bom a senhorita pensar no que quer e me dá logo uma resposta, já fez sua escolha? Diminuiu o tom da voz, mas manteve a seriedade das razões de sua ida inesperada ali.
-Eu, eu...
-Você já fez sua escolha, espero que seja feliz!
-Mas você nem ouviu o que eu tenho a dizer.
-Não preciso, preciso?
Fez menção de ir embora, mas antes de atravessar o portão voltou-se pra ela e a tomou num beijo ardente.
-Considere uma despedida, moça.
E saiu.
Ela ficou ali parada por uns instantes, odiava isso nele, e sabia que odiar é perigoso, odiou poucas coisas na vida, odiou aquelas coisas que mais queria e por isso, odiar, significa muito pra ela. E no seu ódio transmutal, ficou ali em pé sem mover-se. Imaginou mil coisas que podiam ser, fazer... "aquele esnobe!" Pensou, e ao mesmo tempo adorou tudo, a entrada cênica, a saida triunfal... "que droga, eu o odeio mesmo..." Era tudo que conseguia pensar.
Não quis deixar as coisas como estavam, entrou e calmamente escolheu uma roupa. Uma que a deixou incrivelmente sensual, a preferida dele em seu corpo perfeito.
Soltou os cabelos e encarou o espelho como quem sai a procura de encrenca e ao som daquela canção instigante saiu em busca dele, que a perturbava mais que qualquer outra coisa, e por isso ela fugia dele, mas não ia fugir mais.
O encontrou aos risos com uma garota qualquer, aquela cena a tomou de insanidade... não raciocinou, parou o carro ali mesmo, desceu caminhando a passos determinados e esmurrou a garota, nem percebeu que a mão sangrava e voltou-se pra ele enfurecida.
-Você não pode fazer o que fez e depois ir embora, não sem escutar o que tenho pra dizer.
-E o que você tem a dizer? Bebeu um gole de sua cerveja barata e aparentemente não deu-se por impressionado com a violência dela, nem com sua roupa incrivelmente excitante... aparentemente, porque por dentro o seu corpo fervia de desejo e ele pensava "que mulher!".
-Isso... e o beijou loucamente como se fossem fazer amor ali mesmo, na frente do bar, e de quem estivesse passando, e ele a segurou pelos cabelos, pela cintura e a beijou também numa troca efervescente de ódio e desejo!
A garota qualquer levantou-se atordoada, mas não se arriscou a revidar, apenas disse em tom audível, que ele teria o coração despedaço por querer alguém tão destrutivo!
Ele riu, parece que gosta do perigo e continuou beijando aquela que fazia seus neurônios dançarem.


Laryssa

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