quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O medo e o tal mundo.

Tudo que ela consegue sentir é medo. Medo de todas as promessas que ela viu não se cumprir e de todas as palavras que ela ouviu e ninguém mais parece disposto a dizer. Medo de se comprometer, não ser responsável pelo que o outro vai sentir é algo tão mais confortável. Mas acredito que não tem como se viver no mundo completamente desprendido dele, cedo ou tarde as pessoas se emaranham nas linhas que se é viver e aí fodesse tudo, ou não... não sei.
Tudo que eu sinto é um aperto imeeenso no peito, uma angústia que não sei explicar, essa sensação horrível de perceber que pequenas coisas nos afetam sim, não importa o quanto você já tenha aprendido sobre elas, elas sempre te afentam. A ideia de que nada é pra sempre, a efemeridade das coisas assusta muita gente, inclusive quem julga compreender as coisas completamente. Ela estava assim, julgando-se muito sábia pra sua idade. Na verdade se auto definiu como uma jovem cuja alma tem 40 anos, e não que não fosse, mas nem mesmo os quarenta anos de sua alma lhe foram capazes de consolar diante das passagisses da vida.
Viver é inevitável, tão quanto morrer; já dizia Charles Chaplin mas numa retórica bem melhor que a minha. E é nessa incapacidade de não se fazer outra coisa se não existir que ela se pergunta o que tem feito com sua existência, e aí lágrimas correm e ela pensa "Nada demais, menina tola. Se você morresse seria um favor ao mundo, nem de longe um pesar".
Tantas coisas afetam seu pensamento, a conta estourada no banco, o cinto que ela perdeu e não sabe como, o pedido que recusou, a decisão de viver pelos seus próprios impulsos - e as coisas que lhe falaram ser pecado? E o medo do grande dia em que será julgada e lançada no fogo eterno? Essas coisas também lhe causam um certo medo, a você não?!
Muitas definições de certo e errado percorrem sua cabeça, ultimamente céu e inferno parecem só lugares do mundo que ela tem em pauta pra conhecer. Sim, o inferno também, a gente tem uma mania enorme de julgar o que não conhece. Alguém aqui já esteve lá para afirmar-me com certeza que não se é um bom lugar para ir? Enfim, e a igreja se tornou um lugar que não quero ir, não quero está. Acho perca de tempo até, mas engana-se os que me julgarem como atéia por isso, Deus e eu nunca estivemos melhores (cof cof) é à instituição que criei um certo abuso. Não gosto da ideia de um monte de gente tentando ser perfeita em um mesmo lugar. Eu prefiro cá, sim... o TAL M-U-N-D-O que comentam cheio de medos, aqui tem um monte de gente interessante pra dialogar.

Laryssa Galdino Tertuliano

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu tbm tomei essa decisão! Deus e Eu somos melhores amigos, mais eu preferi o M-U-N-D-O á Igreja!

camila disse...

Tava sentindo falta de ler seus textos =)

Anônimo disse...

Bom, ler você.
É como estar pertinho, apesar dos seus "40 anos", há milênios.
O medo pode ser companhia de muitos, quase todos.
Restam alguns momentos, talvez poucos segundos em meio a uma hora, nos quais se olhou nos olhos de alguém e restou o enorme sentimento de estar junto, feliz.
Quem já experimentou tal sensação, conhece o medo de perder aquela
metade que esteve dentro da sua própria alma por um lapso temporal tão pequeno que a natureza humana não seria capaz de mensurar, mas existiu.
Quem sabe, poderia ser melhor trazer na memória e resguardar aquele instante unicamente lindo, já que o medo pôs-se no lugar da certeza de uma inexorável condenação: jamais experimentar, de novo, aquela sensação de ser feliz.

Anônimo disse...

Encontrei ao acaso.
Li, e reli você.
Aprendi: sinto-me perto e tenho a curiosidade despertada por imagens das quais suas palavras estão impregnadas.

Emaranhar-se nas linhas. Sinto-me, por vezes, emaranhado; sensação de estar perdido nos sonhos que os desejos impõem ou nos desejos impostos pelos sonhos. Muitos, proibidos pelo decorum.

Peito imensamente apertado. Algo me falta, sim;
meu aperto, contudo, é mais abaixo, no centro, no plexo. Penso que dividimos um sentimento muito similar de angústia.

Passagisses: Pode ser duro representar apenas uma passagisse que nenhuma marca deixou em alguém, algo que se descartou, não é mais.

Lágrimas, morte e você no mundo: Peço-te para não morrer. Mergulhar em suas palavras é bom. Espero palavras novas, outras. Fique por muito tempo.

Também recusei um pedido. Penso que errei.

Anônimo disse...

obrigada pelos comentários, peço apenas que assim se possível porque n gosto de anonimatos hihihi

e n morrerei, enquanto alguém ler-me e repeir-me a si mesmo, estaria viva no mundo.

=*