Tudo que ela consegue sentir é medo. Medo de todas as promessas que ela viu não se cumprir e de todas as palavras que ela ouviu e ninguém mais parece disposto a dizer. Medo de se comprometer, não ser responsável pelo que o outro vai sentir é algo tão mais confortável. Mas acredito que não tem como se viver no mundo completamente desprendido dele, cedo ou tarde as pessoas se emaranham nas linhas que se é viver e aí fodesse tudo, ou não... não sei.
Tudo que eu sinto é um aperto imeeenso no peito, uma angústia que não sei explicar, essa sensação horrível de perceber que pequenas coisas nos afetam sim, não importa o quanto você já tenha aprendido sobre elas, elas sempre te afentam. A ideia de que nada é pra sempre, a efemeridade das coisas assusta muita gente, inclusive quem julga compreender as coisas completamente. Ela estava assim, julgando-se muito sábia pra sua idade. Na verdade se auto definiu como uma jovem cuja alma tem 40 anos, e não que não fosse, mas nem mesmo os quarenta anos de sua alma lhe foram capazes de consolar diante das passagisses da vida.
Viver é inevitável, tão quanto morrer; já dizia Charles Chaplin mas numa retórica bem melhor que a minha. E é nessa incapacidade de não se fazer outra coisa se não existir que ela se pergunta o que tem feito com sua existência, e aí lágrimas correm e ela pensa "Nada demais, menina tola. Se você morresse seria um favor ao mundo, nem de longe um pesar".
Tantas coisas afetam seu pensamento, a conta estourada no banco, o cinto que ela perdeu e não sabe como, o pedido que recusou, a decisão de viver pelos seus próprios impulsos - e as coisas que lhe falaram ser pecado? E o medo do grande dia em que será julgada e lançada no fogo eterno? Essas coisas também lhe causam um certo medo, a você não?!
Muitas definições de certo e errado percorrem sua cabeça, ultimamente céu e inferno parecem só lugares do mundo que ela tem em pauta pra conhecer. Sim, o inferno também, a gente tem uma mania enorme de julgar o que não conhece. Alguém aqui já esteve lá para afirmar-me com certeza que não se é um bom lugar para ir? Enfim, e a igreja se tornou um lugar que não quero ir, não quero está. Acho perca de tempo até, mas engana-se os que me julgarem como atéia por isso, Deus e eu nunca estivemos melhores (cof cof) é à instituição que criei um certo abuso. Não gosto da ideia de um monte de gente tentando ser perfeita em um mesmo lugar. Eu prefiro cá, sim... o TAL M-U-N-D-O que comentam cheio de medos, aqui tem um monte de gente interessante pra dialogar.
Laryssa Galdino Tertuliano